23 outubro 2022

O DIA DO ALARIDO, OU DIA DO TOQUE DE TROMBETAS


 

Tempos Determinados

 

Embora a humanidade moderna acumule uma enormidade de datas comemorativas, celebrações e dias especiais, tais quais Dia das Mães, Dia dos Pais, Dia das Crianças, feriados como o Dia da Independência, Natal, Ano Novo etc., você sabia que as Escrituras Sagradas também citam dias importantes?

 

A diferença entre as datas especiais da Palavra de Deus, e as demais datas comemorativas, é que estas primeiras são proféticas, e, segundo as Escrituras, foram estabelecidas desde antes do surgimento da humanidade.

 

Além de estarem ligadas aos períodos agrícolas devido à cultura da época antiga, e também a certos eventos importantes na história do povo de Deus, a nação de Israel, essas datas especiais revelam o quanto são inspiradas por Deus: elas são proféticas. Ou seja, elas anunciam desde o Princípio fatos que ocorriam muito tempo no futuro.

Essas datas especiais são chamadas nas Escrituras de MOADYM [מוֹעֲדִים], ou seja, em hebraico significa “tempos determinados”. Esse termo aparece a primeira vez em Gênesis 1:14, quando o Senhor faz aparecer em nossa atmosfera os luminares (sol, lua e estrelas) para estabelecer para o homem que iria ainda nascer pontos de referência do tempo/espaço e marcar os tempos em que determinados eventos futuros ocorreriam.

Infelizmente, mais tarde, desde o período da torre de Babel, quando se espalharam as diversas religiões e culturas sobre a terra, a humanidade transformou as referências celestes em previsões egoístas que supõe determinar sua personalidade, comportamentos cotidianos, cor de roupas etc. Só que a referência temporal dos astros não aponta simplesmente para nós. Mas, sim, para uma pessoa – o centro de toda a criação – Jesus!

 

Vamos listar, então, quais são as datas proféticas, ou tempos determinados, citados pelas Escrituras em Levítico 23:

 

Tempo Determinado:

Endereço:

Data:

Cumprimento

Tarde de Páscoa

Levítico 23:5

Tarde do dia 14 do 1º mês

Jesus morre no mesmo horário

Festa dos Pães sem Fermento

Levítico 23:6-8

07 dias após o dia de Páscoa

Jesus, vivificado em espírito, prega aos mortos

Dia das Primícias

Levítico 23:9-14

Domingo depois da Páscoa

Jesus ressuscita

Dia de Pentecostes

Levítico 23:15-21

50º dia após Primícias

Espírito Santo reveste a Igreja

Dia do Alarido

Levítico 23:23-25

1º dia do 7º mês

a se cumprir

Dia do Perdão

Levítico 23:26-32

10º dia do 7º mês

a se cumprir

Festa de Tabernáculos

Levítico 23:33-44

Dia 15 ao dia 21 do 7º mês

a se cumprir

 

Para apresentar de outra forma, segue a ilustração abaixo com essa mesma lista de tempos proféticos:



Há quase 2.000 anos, exatamente nos dias dessas celebrações, Jesus morreu como cordeiro pascoal na tarde do dia 14 do primeiro mês (I Coríntios 5:7), arrancou o fermento, ou seja, as mentiras das falsas religiões se apresentando a vivos e mortos como o centro da história da humanidade, o que seria a Sua morte e ressurreição (I Pedro 3:18-20; 4:6; Lucas 24:25-27, 44-47), ressuscitou ao terceiro dia, no domingo, dia de levantar o molho de cereal que havia sido “cortado” (I Coríntios 15:20) e derramou o Espírito Santo no dia de pentecostes como preparo para a Sua Igreja continuar Sua obra de proclamação do Evangelho por todo o mundo (Atos 2).

Sobre a Páscoa, leia os estudos: O Segredo da Páscoa e Mudaram a Páscoa.

 

Porém, as últimas três datas que se comemoram no sétimo mês não se cumpriram naquele ano sequencialmente. Por quê? É um dos pontos que vamos aqui tratar...

E qual a relação de Jesus com esse tempo? Elas apontam para que períodos proféticos?

Seria maravilhoso estudarmos cada um dos tempos proféticos, mas vamos nos deter nesta postagem a apenas um deles, que seria o primeiro na sequência dos que ainda precisam se cumprir: o Dia do Alarido (chamado também de Dia de Trombetas).

 

 

Yon Teruah

 

Abaixo, vamos citar diversas versões do mesmo versículo:

 

“Fala aos filhos de Israel, dizendo: No mês sétimo, ao primeiro do mês, tereis descanso, memória de jubilação, santa convocação.” [Almeida Revista e Corrigida 1969]

“Fala aos filhos de Israel, dizendo: No mês sétimo, ao primeiro do mês, tereis descanso, memorial com sonido de trombetas, santa convocação.” [Almeida Corrigida Fiel]

“Fale aos filhos de Israel, dizendo: No primeiro dia do sétimo mês, vocês terão um descanso solene, memorial, com toques de trombetas, santa convocação.” [Nova Almeida Atualizada]

“A meio do mês de Setembro , é uma ocasião solene para todo o povo se encontrar e juntamente adorarem. É um tempo de recordação, e deve ser anunciado com forte som de trombetas.” [O Livro]

Levítico 23:24

 

O termo hebraico TERUAH [תְּרוּעָה] foi traduzido em algumas versões da Bíblia como “som de trombetas”, “sonido de trombetas”, “toque de trombetas” ou “forte som de trombetas”. Até por isso, este dia é chamado de Dia de Trombetas.

Porém, a primeira versão que citamos diz “jubilação”. Por quê?

Segundo o dicionário Strong, o termo TERUAH pode ser traduzido por “alarme, aviso, som de tempestade, grito ou toque de guerra ou de alerta ou de alegria, grito de batalha, toque (para marcha)”. Já o dicionário Hebraico Pró traduz como “som do clarim ou do corno; ruído, clamor, grito, retumbo; trombetear; protestar, reclamar.”

 


 

 

“Dia de trombeta e de alarido contra as cidades fortes e contra as torres altas.” Sofonias 1:16

 

Onde se lê no versículo acima a palavra trombeta é a tradução do termo hebraico SHOFAR, que se refere ao corno ou chifre de animal, e onde se lê alarido é a tradução para o termo hebraico TERUAH. Ou seja, há uma ligação entre TERUAH e trombetas, porém TERUAH significa qualquer tipo de forte som, inclusive o de trombetas.

 

Interessante que o apóstolo Paulo se utiliza das diversas possibilidades do termo TERUAH para explicar certa sequência de fatos em um evento profético futuro:

 

“Dizemo-vos, pois, isto, pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem. Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor.” I Tessalonicenses 4:15-17

 

Mais tarde comentaremos sobre este evento, e as explicações sobre cada tradução do termo TERUAH nesta passagem, porém fica claro para nós que o primeiro dia do sétimo mês marca um tempo muito especial que a qualquer momento vai acontecer... O dia em que Jesus virá levar Sua Noiva, a Igreja...

 

Como este dia está totalmente relacionado às trombetas, vamos nos debruçar sobre alguns detalhes que as Escrituras Sagradas citam sobre esse instrumento de som.

 

 

Qual a importância de Trombetas?

 

“Assim partiram os filhos de Israel de Ramessés para Sucote, cerca de seiscentos mil a pé, somente de homens, sem contar os meninos.” Êxodo 12:37

 

Depois que o povo de Israel saiu do Egito, eles passaram pelo mar Vermelho e iniciaram a peregrinação pelo deserto. Digamos que cada homem tivesse uma esposa, e cada casal tivesse, no mínimo, dois filhos (o que, para a época, era pouco). Só aí teríamos mais de dois milhões de pessoas.

Qual era o sistema de comunicação que Deus estabeleceu para alertar comunicados rápidos para tantas pessoas ao mesmo tempo no deserto?

Através de um sistema de som, utilizando chifres de animais (shofar) ou cornetas de prata (chatso-tseret) como instrumentos de sopro que consistem em um bocal onde os sacerdotes deveriam soprar, e um comprido tubo com uma extremidade em forma de funil por onde o som se propagava. O primeiro era confeccionado arrancando um chifre animal, principalmente de carneiros, e o segundo usando o metal citado.

A ideia é que o sinal sonoro transmitisse a todo o arraial do povo de Israel no deserto as orientações do Senhor, repassadas por Moisés, através dos sacerdotes que as tocavam.

 

 

O Primeiro som do Shofar

 

Na Revelação do Sinai, o fortíssimo som de um Shofar, que impactou o povo, foi ouvido entre estrondos e raios. Eis a descrição no Livro do Êxodo (19, 16-19):

 

“Ao terceiro mês… chegaram ao deserto de Sinai… Israel, pois, ali se acampou em frente ao monte. E subiu Moisés a Deus… Disse também o Senhor a Moisés: Vai ao povo, e santifica-os hoje e amanhã… e estejam prontos para o terceiro dia… soando a buzina longamente, então subirão ao monte… E aconteceu que, ao terceiro dia, ao amanhecer, houve trovões e relâmpagos sobre o monte, e uma espessa nuvem, e um sonido de buzina mui forte, de maneira que estremeceu todo o povo que estava no arraial. E Moisés levou o povo fora do arraial ao encontro de Deus; e puseram-se ao pé do monte. E todo o monte Sinai fumegava, porque o Senhor descera sobre ele em fogo; e a sua fumaça subiu como fumaça de uma fornalha, e todo o monte tremia grandemente. E o sonido da buzina ia crescendo cada vez mais; Moisés falava, e Deus lhe respondia em voz alta… E todo o povo viu os trovões e os relâmpagos, e o sonido da buzina, e o monte fumegando; e o povo, vendo isso retirou-se e pôs-se de longe. E disseram a Moisés: Fala tu conosco, e ouviremos: e não fale Deus conosco, para que não morramos.” Êxodo 19:1-19; 20:18,19

 

Nesse texto acima, onde está “buzina” leia-se o termo hebraico “shofar”, ou seja, chifre de animal. Mas, havia alguém tocando algum shofar físico, material? A reposta é não! Era um som espiritual. Vindo do próprio Deus por meio dos seus anjos! Isso porque a manifestação da glória divina é geralmente antecipada pelo ritual de entronização que os anjos realizam, ao som como de trombetas, como se fosse um servo anunciando a chegada do Rei que vemos nos filmes que retratam o período monárquico...

 


 

 

“Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória. E ele enviará os seus anjos com rijo clamor de trombeta...” Mateus 24:30,31

 

Uma cerca relação desta entronização é percebida pelo costume de se tocar trombetas nas coroações citadas na história de Absalão (II Samuel 15:10) e de Jeú (II Reis 9:13), por exemplo.

 


 

 

Sendo assim, as trombetas anunciam a manifestação da presença majestosa de Deus!

 

“Deus subiu com júbilo, o Senhor subiu ao som de trombeta.” Salmos 47:5

 

“Com trombetas e som de cornetas, exultai perante a face do Senhor, do Rei. Brame o mar e a sua plenitude; o mundo, e os que nele habitam. Os rios batam as palmas; regozijem-se também as montanhas, perante a face do Senhor, porque vem a julgar a terra; com justiça julgará o mundo, e o povo com equidade.” Salmos 98:6-9

 

 

Deus Estabelece o Uso de Trombetas

 

Como citamos anteriormente, o povo de Israel era numeroso. E para provar que Deus é organizado, Ele instituiu diversas orientações para o Seu povo peregrinar pelo deserto. As doze tribos eram agrupadas em quatro grupos de acampamentos, contendo três tribos em cada grupo. Um em frente ao santuário, ao Oriente, liderado pela tribo de Judá, um atrás do santuário, ao Ocidente, com Efraim, outro à direita, ao Sul, liderado por Rubens e outro à esquerda, ao Norte, liderado por Dan. Já a tribo de Levi, que não era contada entre as doze tribos, ficava em volta do santuário. Cada um dos quatro grupamentos, Judá, Efraim, Rubens e Dan, tinham um estandarte, ou bandeira, e uma sequência de partida no momento em que tinham que desfazer o acampamento e se retirar. Era tudo bem disciplinado, como uma formação militar (Números 1:52; 2:1-34).

 

“Até quando verei a bandeira, e ouvirei a voz da trombeta?” Jeremias 4:21





Além dos sinais visuais dos estandartes e da própria coluna de nuvem e fogo (Êxodo 13:21,22), para que cada líder de cada tribo e família soubessem a  hora de partir, ou de se reunirem, Deus pediu que se construíssem duas cornetas de prata:

 

“Falou mais o SENHOR a Moisés, dizendo: Faze-te duas trombetas de prata; de obra batida as farás, e elas te servirão para a convocação da congregação, e para a partida dos arraiais.”

Números 10:1,2

 

Números 10:3-9 nos informa que a quantidade de cornetas tocadas e o método do toque informava qual comportamento deveria ser seguido pelo povo de Israel:

 



 

Resumindo, o objetivo do toque das trombetas era: reunir o povo e fazê-los partir. Sendo assim, seja o que o Dia do Alarido representa, fala de um tempo de partida e, ao mesmo tempo, de um encontro, uma convocação, uma reunião.

Depois, voltaremos a falar sobre isso.

 

Quanto ao tipo do toque, podemos ouvir nesse vídeo alguns toques retinindo (com várias pausas), e outros toques prolongados (sem retinir): https://www.youtube.com/watch?v=Xcjsl3e1CUg

 

Com relação às medidas, formato e peso das cornetas de prata, não temos nas Escrituras os detalhes. O máximo que temos são três fatos históricos que nos ajudam a ter alguma ideia:

- Moedas que circulavam na época dos macabeus (dinastia judaica dos asmoneus, que governou a terra de Israel de 164 a 37 a.C.) e um relevo do Arco de Tito (construído pelo imperador Domiciano no século I, logo depois da morte de seu irmão mais velho, o também imperador Tito, para comemorar as vitórias militares dele, especialmente a captura de Jerusalém) representam as trombetas com cerca de 45 a 90 cm de comprimento, retas.

 

 




 

 

- O historiador hebreu Flávio Josefo (que viveu entre cerca de 37 a 100 d.C.) relatou que o que Moisés fez foi um tipo de clarim com “um tubo estreito, ligeiramente mais grosso do que uma flauta, com um bocal suficientemente largo para receber o sopro e uma extremidade em forma de sino, como têm os trompetes” (Jewish Antiquities [Antiguidades Judaicas], III, 291 [xii, 6]).

 

 

Trombetas nas Reuniões:

 

Em que ocasiões de convocação do povo deveriam ser utilizadas as trombetas?

 

“Semelhantemente, no dia da vossa alegria e nas vossas solenidades, e nos princípios de vossos meses, também tocareis as trombetas sobre os vossos holocaustos, sobre os vossos sacrifícios pacíficos, e vos serão por memorial perante vosso Deus: Eu sou o Senhor vosso Deus.” Números 10:10

 

Segundo esse texto, as trombetas eram tocadas para marcar o início de momentos especiais:

 

1. Com o objetivo de convocar o povo para celebrar os tempos determinados (Páscoa, Pães Asmos, Primícias, Pentecostes, Dia do Alarido, Dia do Perdão e Festa dos Tabernáculos);

 

2. Com o objetivo de anunciar o primeiro dia de cada mês, também chamado de lua nova: “Tocai a trombeta na lua nova, no tempo apontado da nossa solenidade.” Salmos 81:3

 



 

3. Com o objetivo de convocar o povo para os momentos de adoração (inclusive, fazia parte do período de culto):

 

“Louvai-o com o som de trombeta; louvai-o com o saltério e a harpa.” Salmos 150:3

 

“Com trombetas e som de cornetas, exultai perante a face do Senhor, do Rei.” Salmos 98:6

 

Na inauguração do templo construído durante o reinado de Salomão, 120 trombetas foram tocadas (II Crônicas 5:11-13). Os trombeteiros eram os filhos de Arão, os sacerdotes (Números 10:8; I Crônicas 15:24; II Crônicas 29:26; Esdras 3:10; Neemias 12:40,41)

 



 

 

Trombetas nas Guerras:

 

Até hoje, instrumentos musicais são utilizados em unidades militares, não somente como entretenimento em solenidades e formaturas, como também como ordens para atividades diárias, tais como alvorada (despertar), recepção de autoridades (“entronização”), toque de silêncio (para o momento de dormir)etc. No campo de batalha, ao longo do tempo, os instrumentos de sopro e de percussão já foram utilizados até mesmo para determinar o tipo de ataque que o grupo deveria realizar, mas também como elemento psicológico, para animar as tropas (canções patriotas estimulam os soldados a defenderem sua nação) e atemorizar os inimigos.

Com o passar do tempo, vemos que o povo de Israel usou o shofar em diversas ocasiões de guerra. Os sacerdotes acompanhavam os exércitos do povo de Deus (Números 31:6), tais como para alertar sobre a aproximação do inimigo (Ezequiel 33:1-6; Oseias 5:8), reunir seus homens (Juízes 3:27; Neemias 4:12-14), anunciar uma rebelião (II Samuel 20:1), para amedrontar o exército inimigo (Juízes 7:22), anunciar a vitória (I Samuel 13:3) e fazer cessar a batalha (II Samuel 20:22).

 

“E eis que Deus está conosco, à nossa frente, como também os seus sacerdotes, tocando com as trombetas, para dar alarme contra vós. Ó filhos de Israel, não pelejeis contra o Senhor Deus de vossos pais; porque não prosperareis. Mas Jeroboão armou uma emboscada, para dar sobre eles pela retaguarda; de maneira que estavam em frente de Judá e a emboscada por detrás deles. Então Judá olhou, e eis que tinham que pelejar por diante e por detrás; então clamaram ao Senhor; e os sacerdotes tocaram as trombetas. E os homens de Judá gritaram; e sucedeu que, gritando os homens de Judá, Deus feriu a Jeroboão e a todo o Israel diante de Abias e de Judá.” II Crônicas 13:12-15

 

Neste episódio de guerra, vemos mais uma vez os gritos do povo sendo associados com o som das trombetas tocadas pelos sacerdotes.

 

 

O Dia do Alarido, o Fim de uma Sequência de Trombetas e o Início do Fim:

 

O último ponto que precisamos citar para introduzirmos o assunto escatológico é que o tempo determinado chamado de Dia do Alarido inicia um período profético dos últimos tempos:

 

Para compreender isso, vamos frisar alguns pontos vistos anteriormente:

1. As trombetas eram tocadas todos os meses, no primeiro dia de cada mês, no dia da lua nova;

2. Os tempos determinados ocorriam no primeiro, terceiro e sétimo meses. O sétimo mês, portanto, era o último mês do ano com tempos determinados;

3. O dia de Alarido ocorria no primeiro dia do mês sétimo, iniciando o último mês com tempos determinados, ou seja, o último mês profético. Ou seja, é o início do fim...

 


Embora o ano tenha doze meses, o sétimo mês, por ser o último mês que tem tempo determinado, é considerado o último mês do ano. Isso mesmo. Para o Senhor, é como se o sétimo mês fosse o último mês do ano...

 


 

 

“Também guardarás a festa das semanas, que é a festa das primícias da sega do trigo, e a festa da colheita no fim do ano.” Êxodo 34:22

 

“E ordenou-lhes Moisés, dizendo: Ao fim de cada sete anos, no tempo determinado do ano da remissão, na festa dos tabernáculos,” Deuteronômio 31:10

 

OBS. 1: Festa da Colheita e Festa dos Tabernáculos é o mesmo evento.

 

OBS. 2: Atualmente os israelitas celebram o Dia de Alarido como o primeiro dia do ano (Rosh Hashana), porém não é o que segue as Escrituras.

 

 

Podemos, então, fazer a seguinte aplicação aqui: Quando as Escrituras falam do fim, não necessariamente é o fim, de fato, mas o término de um ciclo. Por exemplo, onde lemos “fim”, “fim dos tempos”, “fim dos dias”, “últimos dias” etc., não necessariamente é o “fim do mundo”, ou “fim de tudo”, mas sim, o “fim de um período”.

Sendo assim, podemos ler os seguintes versículos de uma forma totalmente diferente:

 

“Tudo fez formoso em seu tempo; também pôs o mundo no coração do homem, sem que este possa descobrir a obra que Deus fez desde o princípio até ao fim.” Eclesiastes 3:11

 

Vem o fim, o fim vem, despertou-se contra ti; eis que vem.” Ezequiel 7:6

 

“E disse: Eis que te farei saber o que há de acontecer no último tempo da ira; pois isso pertence ao tempo determinado do fim.” Daniel 8:19

 

“... ao fim dos tempos, isto é, de anos…” Daniel 11:13

 

“E alguns dos entendidos cairão, para serem provados, purificados, e embranquecidos, até ao fim do tempo, porque será ainda para o tempo determinado.” Daniel 11:35

 

“E tu, Daniel, encerra estas palavras e sela este livro, até ao fim do tempo; muitos correrão de uma parte para outra, e o conhecimento se multiplicará.” Daniel 12:4

 

“E ele disse: Vai, Daniel, porque estas palavras estão fechadas e seladas até ao tempo do fim.” Daniel 12:9

 

“Tu, porém, vai até ao fim; porque descansarás, e te levantarás na tua herança, no fim dos dias.” Daniel 12:13

 

“Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos.” II Timóteo 3:1

 

 

Ou seja, as Escrituras não abordam o “fim do mundo”, mas sim, o fim de uma fase da história da humanidade...

 

Seguindo esta lógica, como podemos ligar a imagem a seguir e os dois versículos abaixo?

 

 



 

“Semelhantemente, no dia da vossa alegria e nas vossas solenidades, e nos princípios de vossos meses, também tocareis as trombetas…” Números 10:10

 

“Num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados.” I Coríntios 15:52

 

O apóstolo Paulo, no versículo acima, cita a expressão “última trombeta”. Esse termo não tem paralelo nas Escrituras. Porém, como o assunto é sobre o futuro, logo há uma tendência de tentar decifrá-lo a partir do livro de Apocalipse e, rapidamente, nos lembramos das sete trombetas que anunciam o juízo de Deus, entre os capítulos 8 ao 11. Porém:

- O termo “trombetas” não aparece no Apocalipse somente se referindo a essas sete trombetas;

- Quando Paulo escreveu a carta aos coríntios, o Apocalipse não tinha sido escrito ainda;

- Ao citar o termo “última trombeta”, os crentes em Corinto entenderam a referência, e esta se dava a partir de um conhecimento das Escrituras, principalmente da Torah de Moisés. Ou seja, a última trombeta é a trombeta do fim do ano (ou seja, a trombeta do mês sete), ou início do fim do tempo profético.

 

Sendo assim, a última trombeta se refere à trombeta do sétimo mês, ou seja, a trombeta que anuncia o fim de um ciclo de trombetas (do mês um ao mês sétimo), e o início do “tempo do fim” (o primeiro dia do sétimo mês, onde tem os últimos tempos determinados).

 

 

As Trombetas do Apocalipse:

 

Como citamos anteriormente, quando ouvimos o termo “trombetas” e pensamos no tempo profético, logo pensamos nas sete trombetas tocadas pelos anjos anunciando os juízos de Deus que virão sobre todos os que habitam sobre o planeta no período chamado de “A Grande Tribulação” (Apocalipse 7:14).

 

Porém, antes de começar falando sobre esse tempo de angústia, o tempo “trombeta” aparece pelo menos duas vezes neste livro:

A primeira vez, no início das revelações, antes de descrever os recados para as sete igrejas da Ásia Menor:

 

“Eu fui arrebatado no Espírito no dia do Senhor, e ouvi detrás de mim uma grande voz, como de trombeta,” Apocalipse 1:10

 

A segunda vez, após descrever os alertas e elogios para as sete igrejas:

 

““Depois destas coisas, olhei, e eis que estava uma porta aberta no céu; e a primeira voz, que como de trombeta ouvira falar comigo, disse: Sobe aqui, e mostrar-te-ei as coisas que depois destas devem acontecer. E logo fui arrebatado em espírito...” Apocalipse 4:1,2”

 

Baseados nisso, podemos entender que a primeira trombeta tocou profeticamente, há quase dois mil anos atrás, no ano da morte e ressurreição do nosso Senhor, e no tempo em que se iniciou a história da Igreja. Mas, quando a história da Igreja for concluída, o sétimo mês chegará. O tempo do fim, quando os últimos três tempos determinados estiverem para acontecer...

 

Note os dois eventos abaixo para entender a relação:

 

“Ao terceiro mês da saída dos filhos de Israel da terra do Egito, no mesmo dia chegaram ao deserto de Sinai... E aconteceu que, ao terceiro dia, ao amanhecer, houve trovões e relâmpagos sobre o monte, e uma espessa nuvem, e um sonido de buzina mui forte, de maneira que estremeceu todo o povo que estava no arraial.” Êxodo 19:1-16

 

“E, cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos concordemente no mesmo lugar; E de repente veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados.” Atos 2:1,2

 

A primeira vez que o povo de Israel ouviu o som de trombetas, não foram das trombetas de prata, mas sim do som parecido com o shofar tocado pelos próprios anjos. Detalhe: no mês terceiro, quando estavam diante do monte Sinai. Jesuscidentemente, foi também no mês terceiro, no dia de Pentecostes que a Igreja ouviu pela primeira vez o som dos céus, quando o Espírito Santo foi derramado... Logo, quando a Igreja ouvir novamente o som divino, será a última trombeta, ou seja, o final da sua história aqui na terra...

 

Encontramos as seguintes evidências:

 

- Desde a primeira trombeta em Apocalipse 1:10, até a última trombeta da história da Igreja, representada em Apocalipse 4:1,2, as sete igrejas citadas representam o período em que Deus edificou a Igreja;

 

- Cada recado para cada uma das sete igrejas representa um período específico na história da Igreja. Vamos citar as duas primeiras e as duas últimas: A igreja de Éfeso representaria a igreja dos primeiros séculos depois de Cristo, que logo perdeu o primeiro amor, a igreja de Esmirna representa a igreja que sofreu grande perseguição no império Romano e teve que se esconder nas catacumbas etc. Filadélfia representa um período em que a Igreja de Jesus, mesmo pequena e fraca, se desvencilha de Roma, volta para a Palavra e para a evangelização dos povos, e esta recebe o consolo “... eu te guardarei da hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo, para tentar os que habitam na terra.” Apocalipse 3:10 E, infelizmente, a Igreja de Laodicéia representa a Igreja moderna, que Jesus quer vomitar de sua boca, e que se sente do lado de fora, batendo querendo entrar. Como não se lembrar destes textos?

 

“E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará.” Mateus 24:12

 

“Ninguém de maneira alguma vos engane; porque não será assim sem que antes venha a apostasia...” II Tessalonicenses 2:3 (ler também II Timóteo 3:1-7)

 

Abrindo aqui um parêntese, a descrição da Igreja de Laodicéia se parece em muitos detalhes com a igreja (instituição) atual, infelizmente. Enquanto Filadelfia tem pouca força, Laodicéia se sente rica. E nunca o texto “Eis que estou à porta, e bato...” Apocalipse 3:20 fez tão sentido como hoje, quando a igreja tem cantado canções reconhecendo que Jesus está do lado de fora (é terrível pensar numa coisa dessa):

 

“Você é bem-vindo, aqui. A casa é Sua, pode entrar...” Casa Workship

“Entra na minha casa. Entra na minha vida. Mexe com minha estrutura. Sara todas as feridas...” Regis Danese

“É só bater que eu vou abrir Pra Você entrar. Eu já coloquei as minhas vestes brancas. Estou só Te esperando. Vem, vamos dançar. Maranata, Maranata.” Theo Rubia

“Entra, a porta está aberta. Senhor, não sou digno. Mas vim te adorar. Entra, a porta está aberta. Quero que comigo venhas cear. Entra, senhor Jesus em meu coração. Vem inundar meu ser com tua presença.” Aline Barros

“Meu noivo esperado eu abro a minha casa. Pode morar aqui...” Theo Rubia

Etc.

 

Gostaria de deixar claro que isso não é uma crítica aos compositores (pois, tentando entender, podem ter se inspirado no momento que se entregaram a Jesus) ou aos ministros de louvores que cantam sem entendimento (por causa da bela melodia ou da fama que a música tem nas plataformas digitais ou rádios evangélicas), além disso, não estamos aqui no papel de juiz para apontar nomes e dizer quem é salvo e quem não é. Mas, querendo ou não, até pelas letras das canções percebemos que a Igreja moderna se identifica com Laodicéia de alguma forma, infelizmente, Não faz sentido algum a verdadeira Igreja de Jesus fazer tal convite para o Senhor, pois Ele já habita em nós, então não pode entrar. Ele já mora em nós.).

 

Enfim, por esses e diversos outros motivos que não daria para listar aqui, baseado nas Escrituras, entendemos que a Igreja, Noiva de Jesus, assim como é dito para Filadélfia, não vai passar pelo período de juízo que está por vir sobre o mundo, mas não temos como negar que a instituição igreja, ou seja, aqueles que vivem uma vida sem Jesus, seguindo apenas rituais religiosos vazios, vão passar por toda a Grande Tribulação junto com todo tipo de mentira religiosa que surgiu no planeta desde Babel. Todos juntos, como a grande prostituta citada no livro de Apocalipse...

 

Mas, como entendemos que a Noiva de Jesus vai ser poupada desse período de juízo? Pelos seguintes motivos:

 

1. Os que vão passar pelo juízo são chamados por todo o livro de “os que habitam sobre a terra”. Essa expressão se repete cerca de 10 vezes ao se referir ao período de Grande Tribulação: Apocalipse 6:10; 8:13; 11:10; 13:8,12,14; 17:2,8

Para a igreja que tem as características identificadas com Filadélfia, Jesus promete: “Como guardaste a palavra da minha paciência, também eu te guardarei da hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo, para tentar os que habitam na terra.” Apocalipse 3:10

Ou seja, a Igreja é poupada desse período.

 

2. De fato, aparecem muitas pessoas sendo salvas neste período de juízo. Mas estes são chamados pelo termo “santos”, e esse termo não necessariamente se refere à Igreja por todas as Escrituras.

 

3. O termo “Igreja” no livro de Apocalipse aparece 20 vezes. 19 vezes antes de iniciar as pragas e juízos que estão por vir, e, depois, apenas uma vez após o Juízo sobre a terra no final do livro. Durante os juízos o termo não é citado nenhuma vez por todo o Apocalipse, até que a Nova Jerusalém desça do céu... Mas, a Noiva de Jesus que vai descer junto com a Nova Jerusalém, quando ela subiu? Antes do juízo! rs

 

4. “... e a primeira voz, que como de trombeta… disse: Sobe aqui…” Apocalipse 4:1 O som de trombeta convidou João para subir, ou seja, no momento em que a última trombeta for tocada, a Igreja termina a sua história e é convidada a subir!

 


 

 

Um anúncio de convocação da Igreja:

 

“Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor.” I Tessalonicenses 4:16,17

 

1. No Dia do Alarido, o Senhor Jesus vai dar um brado: Chegou o dia! Esta é a hora! Vou conhecer a Noiva que o Pai edificou para mim (Gênesis 2:22; Mateus 16:18)! O fruto do meu penoso trabalho (Isaías 53:11)!

 

2. Logo após, os arcanjos, que significa “primeiro”, ou “príncipe” ou líder dos anjos, vai bradar convocando os anjos.

 

3. Em seguida, os anjos tocarão as trombetas de Deus, buscando em toda a terra, os seres humanos que fazem parte desta Noiva.

 

4. A terra e o mar darão os corpos dos que morreram em Cristo (parecido com o que vai acontecer em Apocalipse 20:13), e o brado do Senhor Jesus, além de ser um som, é um sopro da vida! Os espíritos que estão guardados em Deus (Eclesiastes 12:7) voltarão aos mortos e este viverão (parecido com o que vai acontecer em Apocalipse 11:11).

“Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, e agora é, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão.” João 5:25

 

5. Os que estiverem vivos serão transformados, em um novo corpo e, junto com  os mortos ressuscitados, nos encontraremos com o Senhor Jesus nos ares (não no trono, não no Santo dos Santos, não no céu dos céus, mas no caminho). Assim como as trombetas de prata serviam para congregar o povo de Israel no deserto e também para fazê-los partir, assim também esta última trombeta fará com que partimos daqui deste mundo e, ao mesmo tempo, nos reunimos com todos os que creram em Jesus na história, e, principalmente, veremos a Jesus!!!!

 O apóstolo Paulo explica que cada um terá, na ressurreição, um corpo diferente um do outro. Ele compara a, pelo menos três exemplos na natureza: Os brotos surgidos por sementes iguais são diferentes (I Coríntios 15:35-38), as carnes dos diversos tipos de seres vivos são diferentes (I Coríntios 15:39) e os astros celestes são diferentes (I Coríntios 15:40-44).

Mas, que critérios serão usados para definir como será o corpo de cada um na eternidade? A resposta está em nossas atitudes nesta vida:

 

“E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno. Os que forem sábios, pois, resplandecerão como o fulgor do firmamento; e os que a muitos ensinam a justiça, como as estrelas sempre e eternamente.” Daniel 12:2,3

 

“Então os justos resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.” Mateus 13:43

 

Viver uma vida com sabedoria e justiça, e ser um instrumento para compartilhar a Palavra de Deus, por exemplo, são alguns critérios que definem quem seremos lá.

Diante de Jesus, não importará o nosso cargo aqui, o nosso acúmulo de bens, as nossas horas gastas com entretenimento, nossos dias de preocupações e ansiedades com as coisas desta terra...

O que de fato valerá a pena depois que ouvirmos o toque da última trombeta e nos encontrarmos com Jesus, serão quantos levamos juntamente conosco para a eternidade.

E aí? O tempo está passando.  Pode ser a qualquer momento, de repente, e num abrir e fechar de olhos, ou seja, numa velocidade inigualável, estaremos diante do Senhor. E o que fizemos aqui com a vida que Ele nos deu?

 

“Ora, o que planta e o que rega são um; mas cada um receberá o seu galardão segundo o seu trabalho... E, se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um. Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo.” I Coríntios 3:8-15

 

O tema “galardão” poderemos, se o Senhor nos permitir, falarmos em outra oportunidade, mas o que se segue com a Igreja serão 7 anos de recompensa e aprendizado, até que chegue o tempo, sete anos depois, em que desceremos com Jesus (a conclusão do Dia da Expiação) para implantar o Reino de Deus sobre a terra (Festa dos Tabernáculos).

 

Enfim, prepare-se! E leve com você o máximo de almas possíveis! É tudo que poderemos preservar pela eternidade...

 

Maranatha! Vem logo, Jesus!